Católicos ultraconservadores destacam "coragem" de Bento XVI ao suprimir sanções

A Fraternidade Sacerdotal S. Pio X sublinhou hoje que "não esquece" a "coragem" do papa ao "recordar que a missa tradicional não foi anulada" e de suprimir "os efeitos das sanções canónicas" contra os bispos seguidores de Marcel Lefebvre.
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Reagindo ao anúncio da resignação de Bento XVI, a Fraternidade, não obstante "as divergências teológicas" manifestadas nas conversações em 2009 e 2011 com o papa, manifestou a sua "gratidão pela força e a perseverança" que o pontífice mostrou em circunstâncias difíceis e assegurou-lhe "as suas orações" no período que vai agora consagrar ao recolhimento.

Numa nota emitida a partir da sua sede, em Menzingen, na Suíça, a Fraternidade Sacerdotal S. Pio X reafirma a sua dedicação a Roma, e "reza para que, pela inspiração do Espírito Santo, os cardeais no próximo conclave elejam um papa que, segundo a vontade de Deus, trabalhará para a reparação de todas as coisas em Cristo".

A Fraternidade Sacerdotal São Pio X (FSSPX) é um grupo católico tradicionalista, fundado na Suíça, em 1970, pelo arcebispo Marcel Lefébvre, outrora Delegado Apostólico de Pio XII em África e Superior Geral dos Padres do Espírito Santo.

A sua finalidade é a formação de padres e o apostolado segundo a forma tradicional, sobretudo através da celebração da Missa Tridentina.

A Fraternidade opõe-se às reformas feitas na Igreja Católica após o Concílio Vaticano II, criticando como anti-doutrinais o ecumenismo, a liberdade religiosa e a colegialidade dos bispos e argumenta que os princípios do pós Concílio representam um desvio da Igreja em relação à sua doutrina.

O arcebispo Marcel Lefebvre, que morreu em 1991, procedeu em 30 de Junho de 1988 à sagração de quatro bispos sem a aprovação papal. Dois dias depois, o papa João Paulo II, anunciou que o arcebispo e os quatro bispos incorreram em excomunhão automática, segundo o Código de Direito Canónico. As excomunhões daqueles bispos viríam a ser objeto de remissão em 2009 pelo papa Bento XVI.

O papa Bento XVI, 85 anos, anunciou hoje, durante um consistório no Vaticano, a sua resignação a partir dia 28 de fevereiro devido "à idade avançada".

Um novo papa será escolhido até à Páscoa, a 31 de março, disse o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, anunciando que um conclave deve ser organizado entre 15 e 20 dias após a resignação do pontífice.

O último chefe da Igreja Católica a renunciar foi Gregório XII, no século XV (1406-1415).

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